CARLINHOS PESSI
Existe um programa de entrevistas na TV em que uma pergunta recorrente a todos os entrevistados é: O que é a vida?
Não sou celebridade para entrevistas, mas se me fosse feita esta pergunta, responderia: a vida é uma grande insônia entre o nascimento e a morte. No entanto nesta insônia nos deparamos com alegria, tristeza, sucesso, fracasso, saúde, doença, e por aí vai. E também existem pessoas que iluminam esta nossa passagem com um brilho, que sentimos imensa satisfação em estar ao lado delas. Conheci Carlinhos Pessi desde sempre. Nas últimas décadas estreitamos nosso convívio e lamento não ter aproveitado mais esta amizade. Hoje a vida nos isola demais e a convivência com amigos torna-se sempre menor do que desejamos.
Carlinhos era um “metido”. Participava de tudo, Lira, Avaí, Riachuelo, Doze, Federação de Futebol, Tribunal Desportivo, Turma da Chácara. Convivemos durante anos fazendo parte do Conselho Fiscal do Clube Doze de Agosto, no tempo em que o Doze era um importante clube social de Florianópolis. Depois das reuniões, normalmente mensais e feitas com muita seriedade, saíamos para espairecer e para a cervejinha amiga. Todos queridos amigos: Milton Rubens Capela, João de Deus Machado Neto, Mário Eduardo Laurindo, Carlos Grisard Pessi e Ênio Silva Gentil, contador do clube. Carlinhos sempre com novidades. No carnaval passava no supermercado e saía com mantimentos num saco de papel representando a madame que saía das compras e ia desfilar no bloco de sujos. Isto em nada atrapalhava a atividade que exercia no Tribunal de Justiça Desportivo da Federação Catarinense de Futebol, do qual foi presidente por um bom tempo. Tempo atrás, diante de tantas comilanças de Carnaval: Feijoada de um, Churrasco de outro, Peixada de um terceiro, resolveu de gozação inventar a “Linguiça do Carlinhos” E não é que deu certo? Até hoje faz parte do Calendário do Lira durante o Carnaval. Ultimamente participamos juntos de muitos eventos no Lira, clube de coração do Carlinhos. E era sempre uma festa. Falar de todas as atividades do Carlinhos é impossível, porque inúmeras. Mas ele sempre estava desposto para um papo e era um tremendo gozador. A última “sacanagem” do Carlinhos foi ter partido sem deixar os amigos preparados para isso. Poderia ter ficado um pouco mais com a gente. Mas como foi dito no início, de repente a insônia passa. Descansa em paz Carlinhos Pessi, amigo iluminado, companheiro insubstituível, que tanto fez bem a nossas vidas.
João Rafael Evangelista